A importância da reabilitação fonoaudiológica no pós Acidente Vascular Cerebral - AVC

A importância da reabilitação fonoaudiológica no pós Acidente Vascular Cerebral - AVC

  • 26/04/2022 08:58

São diversas e variadas as dificuldades e perdas decorrentes do (AVC), como mobilidade, capacidade cognitiva e de comunicação; e a recuperação destas depende de uma equipe multiprofissional, dentre eles, o fonoaudiólogo.

Considerando o alto comprometimento das funções neuromuscular, motora, sensorial, perceptiva e cognitivo-comportamental, o fonoaudiólogo irá propiciar a reabilitação das funções comprometidas parcialmente ou totalmente, independente do grau de comprometimento o fonoaudiólogo atuará na reabilitação da:

Afasia

Que são os distúrbios de linguagem encontrados nos pós AVC. onde são denominados como afasia, estes distúrbios afetam os aspectos de conteúdo, forma e uso da linguagem oral e escrita, em relação à sua expressão e/ou compreensão, afetando assim a comunicação e comportamento do indivíduo.  

 A terapia fonoaudiológica para os pacientes afásicos visa à reeducação da linguagem, o aprendizado de estratégias compensatórias, a reorganização das habilidades comunicativas presentes, a facilitação da socialização e a reinserção ocupacional do paciente.

Disartria

As disartrias são complicações que envolvem a produção da articulação e fonação de origem neurológica. As manifestações mais comumente observadas no pós AVC são: articulação imprecisa, voz monótona em relação à frequência e à intensidade, alteração da prosódia, rouquidão, soprosidade, voz fraca, hipernasalidade, voz tensa, velocidade de fala variável e pausas inapropriadas (Disfonia). A combinação desses sinais pode prejudicar a inteligibilidade de fala do paciente, interferir negativamente na socialização e levar ao surgimento de isolamento social e depressão.

A terapia fonoaudiológica para estas alterações contemplam as necessidades de cada paciente e visa melhorar a inteligibilidade de fala e garantir bom desempenho de comunicação do paciente podendo fazer uso de recursos verbais ou não verbais, orais, gestuais e/ou gráficos.

Dispraxia oral e dispraxia de fala

As dispraxias são desordens do planejamento motor voluntário, que envolve o posicionamento e a sequência dos movimentos da musculatura que são necessários para a produção dos gestos. Ocorre a dificuldade para desempenhar a movimentação adequada dos músculos de face, lábios, língua, bochechas, laringe e faringe; a pessoa tem dificuldade de planejar e executar os movimentos já aprendidos.

A fonoaudiologia nestes casos, visa trabalhar intensivamente os movimentos dos músculos da face e da língua, para que os sons da fala saiam de forma adequada, mas este trabalho deve sempre respeitar as limitações e as necessidades de cada paciente.

Disfagia                                                        

A disfagia é alteração no processo de deglutição, que interfere no transporte do bolo alimentar da boca até o estômago.  No AVC, ocorrem com muita frequência as disfagias neurogênicas, que estão relacionadas ao alto número de internação e mortalidade em idosos, pois geralmente causam déficits nutricionais, aspiração de saliva, secreções ou alimentos, levando a complicações clínicas como desidratação, desnutrição e pneumonias aspirativas.

 A principal função do tratamento fonoaudiológico na disfagia é evitar as pneumonias aspirativas, a desnutrição dos pacientes e manter de forma segura a alimentação por via oral, contribuindo para retirada da sonda se caso o paciente estiver usando.

Durante a reabilitação, o fonoaudiólogo orienta os responsáveis sobre como fornecer alimentação ao paciente e solicita que observem a pessoa acamada quanto à dificuldade de deglutição ou engasgo ao ingerir líquidos. Uma das principais causas de pneumonia é a aspiração brônquica porque os pacientes não conseguem engolir a própria saliva.

 Paralisia facial

A paralisia facial é frequentemente observada no pós AVC, se caracteriza pela diminuição dos movimentos faciais em um lado da face, podendo resultar nas alterações da mímica facial, das funções de deglutição e fonação, com consequências tanto estética como funcional.

A reabilitação fonoaudiológica na Paralisia facial visa minimizar os efeitos da paralisia/paresia da musculatura orofacial, nas funções de mímica, fala e mastigação, além da melhora dos aspectos socioemocionais do paciente.

Cognição

Alteração cognitiva é comum em pacientes com AVC agudo, com 45% de prevalência de pacientes com déficit cognitivo.  Essas disfunções muitas vezes têm consequências devastadoras na vida do indivíduo, além de forte impacto no desempenho ocupacional do paciente.

                As deficiências cognitivas geralmente envolvem memória, atenção, linguagem, computação, orientação temporal e espacial, função executiva, negligência, apraxia e agnosia. A associação desses diferentes fatores, que podem se expressar individualmente ou em conjunto em diversos graus de gravidade, representa, principalmente, um desafio para os indivíduos que se encontram funcionalmente limitados e dependentes de terceiros para realizar tarefas básicas da vida diária.

Vale ressaltar que a intervenção fonoaudiológica  inicia desde o período da entrada do paciente na UTI (unidade de terapia intensiva), realizando avaliação das funções orais, sendo elas: respiração, sucção, mastigação e deglutição, para imediatamente começar a estimulação orofacial visando a  introdução da alimentação via oral o mais brevemente possível; bem como após a alta hospitalar  dando continuidade na reeducação evitando sequelas e proporcionando ao indivíduo o retorno o mais breve possível às suas atividades e participação na comunidade.


Boninne Monalliza Brun Moraes 

Fonoaudióloga CRFa 5 9064-3 MT

Especialista em Motricidade Orofacial, Mestre em Letras

Contato: clinica_elo@hotmail.com

Fone: 66 35323669


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